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Glicocorticóides
11/11/2012
Publicado por: administrador
Texto de Sarah Diógenes
Glicocorticoides
Os esteroides hormonais podem ser classificados em aqueles que têm efeito sobre o metabolismo intermediário e função imune (glicocorticoides), aqueles cuja atividade principal consiste na retenção do sal (mineralocorticoides) e aqueles que têm atividades androgênicas e estrogênicas. Vamos nos deter, contudo, aos glicocorticoides.
Mecanismo de ação
O principal corticoide de ocorrência natural secretado pelo córtex da supra-renal é o cortisol. Os efeitos mais conhecidos do glicocorticoide são mediados por receptores de glicocorticoides amplamente distribuídos. Eles são membros da superfamília de receptores nucleares e regulam a transcrição. Os receptores são citoplasmáticos em complexo com proteínas Hps90. Quando há a ligação com o receptor, ocorre uma alteração conformacional que permite a dissociação da proteína, se direcionando para o núcleo onde interage com a proteínas nucleares e com o DNA. Como homodímero, liga-se a elementos de resposta do glicocorticoides nos promotores dos genes responsivos. Além dessas ligações, também há a formação de outros fatores de transcrição (AP-1 e NF-KB) que ativam sobre os promotores que não tem os elementos de resposta. Eles medeiam os efeitos anti-crescimento, transcrição dos fatores de crescimento e citocinas inflamatórias.
Dois genes para os receptores de glicocorticoides foram identificados: um coldifica o receptor clássico de glicocorticoides e o outro codifica o receptor de mineralocorticoides.
A interação dos receptores de glicocorticoides com os elementos de resposta dos glicocorticoides (ERG) é mediado por proteínas co-ativadoras e co-repressoras. Atuam como pontes entre os receptores e outras proteínas nucleares. Os efeitos do glicocorticoides são devido as proteínas sintetizadas a partir do RNAm transcrito pelo seus genes-alvos. Eles podem se ligar a receptores de aldosterona tendo efeitos mineralocorticoide, podendo ser evitado pela expressão da 11B-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2.
Efeitos Fisiológicos
Os efeitos fisiológicos do cortisol inclui a resposta do músculo liso vascular e brônquico, a diminuição da cotecolamina na presença do cortisol, assim como as respostas lipolíticas das células adiposas adiposas à cotecolaminas, ao ACTH e ao hormônio do crescimento que são atenuados na presença de glicocorticoides.
Efeitos metabólicos
Os efeitos metabólicos do glicocorticoide inclui o metabolismo dos carboidratos , lipídeos e proteínas, estimulam a gliconeogênese, realizam a síntese do glicogênio no jejum, estimulam a liberação de aminoácidos no catabolismo muscular. Com os glicocorticoides, há um aumento da glicose no sangue que leva à secreção de insulina que estimula tanto a lipogênese quanto inibe a lipólise levando a um aumento de liberação da gordura e um aumento da liberação de ácido graxo e glicerol na circulação.
Efeitos catabólicos e anabólicos
Esses fármacos também apresentam efeitos catabólicos e anabólicos que são representados pela síntese de RNA e proteínas ligados ao fígado, exercendo efeitos catabólicos no músculo, na gordura periférica e na pele. Podem causar uma diminuição de massa na musculatura e um adelgaçamento na pele.
Efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores
Os efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores exercidos por esses fármacos são de extrema importância. Há uma diminuição da inflamação por causa dos efeitos na distribuição e função dos leucócitos, bem como dos efeitos supressores sobre as citocinas e as quimiocinas inflamatórias. Eles inibem também a interação entre as moléculas de adesão e as células endoteliais que causam o exsudato e a inflamação. Há um aumento da concentração de neutrófilos circulantes ( que leva seu maior influxo para o sangue vindo da medula óssea ) e uma diminuição da concentração de linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos ( pela movimentação do leito vascular para o tecido linfoide). Há tambpem uma inibição da função dos macrófagos e células apresentadoras de antígenos que leva a uma não produção de FTNa, IL-1, metaloproteinas e ativadores de plaminogênio. Vale lembrar que com a diminuição da produção de IL-12 e IFNy, não há atividade de TH1. Esses fármacos também inibem a fosfolipase A2 e consequentemente levam a uma redução da síntese de prostagalndinas, leucotrienos e fatores de ativação plaquetária.
Os glicocorticoides levam, também, a uma vasoconstrição quando ocorre a supressão da degranulação dos mastócitos ( a diminuição da histamina circulante leva a uma diminuição da permeabilidade capilat), além de levar a ativação do complemento.
Esses fármacos reduzem a expressão da COX-2 nas células inflamatórias com a consequente diminuição da quantidade de enzima disponível para a formação de prostaglandinas.
Efeitos adversos
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NO SNC: alterações de comportamento, convulsões, excitabilidade, insônia
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NO SISTEMA IMUNOLOGICO: favorecimento à infecções
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NO SISTEMA DIGESTIVO: úlcera péptica, perfurações intestinais e pancreatite
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NOS OLHOS: aumento da pressão intraocular que pode evoluir para glaucoma, catarata subcapsular e exacerbação de infecções.
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NOS SISTEMAS ENDÓCRINO E METÁLICO: diabetes, retardo do crescimento e cushing iatrogênico.
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NO SISTEMA CARDIOVASCULAR: hipertensão, IAM, ACS e fragilidade capilar.
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NO MÚSCULO ESQUELÉTICO: perda da massa muscular, miopatia, osteoporose, e fraturas espontâneas.
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NO SANGUE: hipercoagulabilidade e tromboembolismo.
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NA PELE: atrofia da pele, estrias cutâneas, acnes, hisurtismo, equimoses e cicatrização lenta.
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CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE CUSHING: Podemos incluir como efeito adverso: degeneração muscular periférica, obesidade central, face de lua cheia, dobras gordurosas supraclaviculares e dorsocervicais, estrias abdominais pigmentadas, acnes, hisurtismo, pletora facial, fragilidade capilar e hematomas, hipertensão, intolerância a glicose, hipocalcemia, arterioesclerose, infecção, distúrbios neuropsiquiátricos e osteoporose quando há excesso de glicocorticoides.
Considerações Finais
Devemos ter bastante cuidado com o uso de glicocorticoides pois o uso prolongado de glicocorticoides resulta em efeitos colaterais sistêmicos e supressão do eixo hipotalâmico-hipofise-adrenal. A suspensão do tratamento com glicocorticoide pode resultar em quadro de insuficiência adrenocortical e na “síndrome de retirada ou deprivação de corticoesteroides”.
A suspensão abrupta de terapia com glicocorticoide pode resultar em “crise adrenal aguda” podendo levar a desidratação, hipotensão e choque, taquicardia, nausea, vômito, anorexia, fraqueza, apatia, hipoglicemia, confusão mental e desorientação.
Bibliografia:
Farmacologia Básica e Clínica – Katzung – 10ª. Edição – Lange